IOF e Planejamento Tributário para Empresas de Transporte: Alerta para 2025

A aprovação de urgência, pela Câmara dos Deputados, para votação de um projeto que altera a sistemática do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) acendeu um sinal de alerta no setor empresarial — especialmente entre empresas de transporte rodoviário de cargas, que têm no financiamento de frota e na contratação de seguros elementos centrais da operação.

Embora o texto do projeto ainda esteja em construção, os impactos jurídicos e econômicos de uma eventual alteração são relevantes e merecem atenção preventiva por parte das transportadoras.

O que está em jogo?

O IOF incide diretamente sobre operações como:

  • Financiamento de veículos e equipamentos;
  • Renegociação de dívidas;
  • Contratação de seguros patrimoniais e operacionais;
  • Operações de leasing ou antecipação de recebíveis.

Uma alteração legislativa, mesmo que parcial, pode modificar alíquotas, bases de cálculo ou até mesmo a periodicidade de recolhimento. E qualquer mudança afeta de forma imediata a estrutura contratual e o custo tributário das operações.

Riscos práticos para o setor de transportes

O setor já trabalha com margens apertadas e alta volatilidade nos custos logísticos. Nesse cenário, eventual aumento no IOF pode gerar:

  • Encarecimento do custo efetivo total (CET) de financiamentos vigentes;
  • Dificuldade de repasse dos novos encargos ao contratante final, principalmente em contratos com cláusulas fixas;
  • Risco de desequilíbrio econômico-financeiro em contratos de prestação de serviços com prazos médios e longos.

O papel do jurídico no planejamento tributário

Diante da urgência política e da volatilidade regulatória, é essencial que o setor jurídico atue de forma estratégica, com foco em:

  • Mapeamento de cláusulas de repasse de encargos tributários nos contratos;
  • Revisão de minutas padrão para financiamento, seguros e prestação de serviços;
  • Estudo de alternativas de financiamento com menor carga tributária;
  • Simulação de cenários de impacto tributário diante de mudanças no IOF;
  • Interlocução entre os setores financeiro, contábil e jurídico, promovendo decisões integradas e fundamentadas.

Por que agir agora?

A urgência legislativa aprovada sinaliza que o tema pode ser votado a qualquer momento, sem as etapas tradicionais de tramitação, o que exige atenção redobrada por parte das empresas.

Estar bem informado e antecipar impactos é fundamental para manter a eficiência financeira e evitar surpresas nos contratos e na estrutura tributária.

Conclusão

As possíveis mudanças na sistemática do IOF reforçam a importância de um acompanhamento preventivo e de uma leitura atenta dos riscos tributários e contratuais.

Mais do que um desafio técnico, trata-se de uma oportunidade para revisar práticas, alinhar estratégias e manter a solidez operacional em um cenário de transformações constantes.

A equipe da BGI Advogados segue acompanhando o tema.

Por: Jéssica Donato | BGI Advogados | Junho de 2025